Lancia Delta Integrale, de Itália com saudade.


Um dos mais espectaculares carros e bem sucedidos produtos da Lancia foi o Delta. Penso que até ao momento nenhuma outra marca deixou tantas saudades como a Lancia, a velha Lancia.
O Delta foi produzido entre 1979-1994. Estreou no Salão Automóvel de Frankfurt como um projecto de Giorgio Guigaro, com componentes do Fiat Ritmo. No ano seguinte ao seu lançamento foi condecorado com o importante galardão, de carro do ano por um juri de jornalistas especializados.
Surpreendentemente, este Lancia Delta seria talvez um dos automóveis mais bem sucedidos no Ralli.

No ano de 1985, a Lancia ambiciosa da altura, preparou um protótipo para o Grupo B. O carro resultante desse projecto chamava-se Delta S4, seria o carro eleito para fazer frente ao "monstro" Germânico Audi quttro. Tal como todos os automóveis do Grupo B era um monstro, 480 cavalos de potência. Infelizmente, o S4 teve uma vida muito curta. O Grupo B foi extinto devido ao elevado numero de mortes e acidentes e o projecto e sonho do S4 caiu por terra.

Mas como disse a Lancia era ambiciosa, não baixou os braços e desenvolveu um 4WD. Para a temporada do rali de 1987. A Abarth preparou o chamado; Delta HF 4WD, feito e preparado para corridas de rally. Era muito mais civilizado que o S4 e tinha de ser, o Grupo B os automóveis eram demasiado perigosos. O Delta HF era construído como uma óptima aerodinâmica, sistema de tracção nas quatro rodas e acima de tudo era potente.
Foi com o Delta HF 4WD, que a Lancia ganhou o campeonato de construtores em 1987 com Juha Kankkunen no volante, ganhou o campeonato de pilotos.



A Delta HF Integrale

O Lancia Delta obteve a homologação para ser um carro de estrada. A versão de estrada chamava-se Delta Integralle.
Os carros de estrada com designação Integrales possuíam a mesma tecnologia de ponta encontrada nos de ralli que competiam no Grupo A.
O chassis do Integrale era diferente do Delta padrão, o Integrale apresenta travões de maiores dimensões, e uma suspensão actualizada com novas molas e melhoramento dos amortecedores dianteiros.
O segredo para o desempenho desportivo do Delta era o seu sistema de tracção permanente nas quatro rodas.
Durante seis anos não houve outro carro capaz de fazer frente ao Delta.Nem mesmo a toyota com grandes pilotos teve argumentos para a melhor fase da Lancia... Com  4 cilindros em linha de 1995 cc, sobrealimentado por um turbo Garrett T3  intercooler, o Lancia Delta era nervoso mas  fiável e com performances incríveis.

A potência atingia os 280 cv às 6500 rpm e utilizava uma caixa de 6 velocidades, sendo a “transmissão às 4 rodas com diferencial central epicicloidal (45% à frente, 55% atrás) e de acoplamento viscoso Ferguson.
O que era isso? um verdadeiro diferencial "inteligente" na forma como distribuía o torque, dividindo-o entre as rodas de acordo com a aderência disponível.
Talvez o único defeito do Delta fosse a sua suspensão. Desempenhava o seu papel, mas tinha um curso curto e o motor muito nervoso, tornava-o bom em asfalto, mas em gravilha, era menos eficiente. Infelizmente a Lancia nunca soube emendar este problema, principalmente porque o Integrale era baseado num carro normal (o Delta) e a FIA proibia a alteração radical da suspensão dos automóveis.


O primeiro Delta 4WD tinha um motor de 2 litros e 8 válvulas e debitava os 165 cv. Seguiram-se outras versões mais potentes, em Novembro de 1989 surgiu o Integrale 16V, com carroçaria mais larga e uma suspensão modificada, continha também motores mais potentes (185 cv para o 8V, 200 cv para o 16V).

Em Outubro de 1991 a Lancia pressionada pela grande rival Toyota, produziu o primeiro modelo Evoluzione. O carro tinha uma carroçaria muito mais larga, suspensão diferente, mais entradas de ar, vias mais largas, travões da frente mais largos e um radiador para arrefecer a direcção assistida, entre outras modificações. O Delta Evoluzione era equipado com um motor 16V que tinha 210 cv. Os países que só pudessem importar carros com catalisador apenas dispunham do Evoluzione com motor 8V e apenas 185 cv.


Em 1993, a Lancia conseguiu produzir uma versão com catalisador do motor 16V e meteu-o no Evoluzione II, já com uma potência de 215 cv, ou seja possuía mais 5 cavalos, para compensar o facto de possuir catalisador, visto que este lhe tirava alguma potência.
Em comparação como o Evoluzione I havia uma nova gestão do motor e jantes de 16 polegadas entre outros melhoramentos. Era um carro algo mais civilizado, maduro. Foi introduzido um turbo mais pequeno, com o preposito de diminuir o lag do turbo, mas em contrapartida perdeu nas rotações perto da red line.
Como conclusão podemos dizer que o Evoluzione II é menos potente que o seu antecessor. O Evoluzione II Kat é por vezes erradamente chamado de Evoluzione III.
O último Delta Integrale saiu da fábrica em Novembro de 1994.
Ao longo de sete anos o primeiro Lancia Delta que começara com 165 cv e o ultimo terminou com 215 cv.
Basicamente todos os modelos usam a mesma transmissão, tracção integral, bloco do motor e geometria da suspensão. Os modelos Evoluzione são aqueles que apresentam um melhor comportamento. Os modelos anteriores, embora sendo muito rápidos e impressionantes, apresentavam uma certa imprevisibilidade quando levados ao limite.

Comportamento
O Lancia Delta sendo um carro da velha guarda, transmitia imensas sensações a que conduz, mas mais que outros a direcção era muito informativa, conseguia transmitir o que o carro iria fazer.
    A versão de estrada do Integrale tinha o comportamento da maioria dos carros com turbo e tracção integral. Imensa sub-viragem á entrada e saída das curvas. Devia.se ao turbo "lag". Antes de entrar na curva, trava-se, sendo que o turbo perdia rotação. Se aceleraremos para que o turbo não perdesse rotação, a rodas da frente não conseguindo digerir tamanha potência, passavam a batata quente para as de trás e este entrava em sobre-viragem.
    Mas um piloto experiente conseguindo contornar este comportamento, poderia fazer curvas como ninguém.

Motor


Tipo: 4L, DOHC, 16 válvulas,
 4 válvulas por cilindro
Cilindrada: 1995 cc
Potência máxima: 215 cv às 5750 rpm
Binário máximo: 308 nm às 2500 rpm
Performance
 0 - 100 km/h: 5.7 s
Velocidade máxima: 220 km/h


Segundo os leitores da revista inglesa Autocar, o Lancia Delta Integrale é o melhor Hot Hatch de todos os tempos.
Numa votação conduzida entre Abril e Maio de 2010, em que mais de 3.500 pessoas votaram.
O Lancia Delta HF Integrale foi mesmo o automóvel mais antigo do Top 10, que nos leva a crer que a idade não é obstáculo ao desejo e que de facto há automóveis que são eternos.

Infelizmente a empresa mãe Fiat decidiu retirar a Lancia dos Rallys e nunca mais voltou.
Qualquer amante de automóveis sabe quem é o Delta Integrale. Será sempre uma lenda, reconhecido por todos, fazemos figas para que a Lancia um dia volte á ribalta e possa demonstrar o que sabe fazer melhor.






Ricardo Ramos
Alguma info retirada de: http://karma.no.sapo.pt/paginas/carros/lancia/Lancia_Delta_Integrale_(1987).htm






5 comentários:

  1. Conheci um dos proprietários da marca Lorenzo Lancia... muito gente boa... ele tem uma fazenda muito grande na região onde moro.

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  2. Olá, sou do Brasil e adoro os carros da Lancia, infelizmente nunca foram vendidos aqui, o mais perto que cheguei dos Lancia e Alfa Romeo que adoro foi o Fiat Tempra que aqui usou a plataforma do antigo Alfa Romeo 155 e o motor bem semelhante ao do Delta so que sem o turbo 16v

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    Respostas
    1. Viva Gabriel
      Pena que nunca se tenha familiraziado com a Lancia. Aqui na Europa, raramente se vê um! Começam as escassear, mas jamais serão esquecidos pelos amantes de automoveis!
      Cumprimentos

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  3. Lembro me quando jogava nos fliperamas o jogo chamado Sega Rally. E la tinha entre outros o lendario Lancia integrale. Hoje por morar no Brasil comprei um carro que acho ser o mais proximo do Lancia, o Fiat Tipo Sedicivalvole 16V. Seu motor veio dessa geracao e sua plataforma mais larga me lembra o Lancia. Ha inclusive as pecas contidas em meu carro estao escrito Lancia.
    Parabens por esse post!

    Jefferson

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  4. Existem dois Evo II no Brasil, um verde (parece um York) e um branco.
    Os donos são muito discretos e aparentemente são de antigos diretores da Fiat.

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